quinta-feira, 28 de junho de 2012




Tenho tentado não agir por impulso. E vejo com clareza, após pensar, repensar e estudar os vários ângulos possíveis de uma situação, o que devo remover e acrescentar na minha vida. Infelizmente, isto também inclui pessoas. E pessoas que, em determinado momento, tiveram uma importância primordial na minha existência. Mas eu mudei, elas mudaram. E não foram apenas as idiossincrasias que nos afastaram, mas simplesmente, ter valores que não se casavam mais, desconfortos maiores que alegrias, disputas estéreis, uma necessidade insaciável de despertar emoções negativas, e um vácuo enorme onde havia abraço. Onde havia amor (?).
Não foi fácil, não tem sido, mas tenho me sentido mais coerente com as coisas que me propus a viver. Com as coisas que eu tenho para dar e derramar. Com o espaço que abro para o tipo de relações de trocas reais, de afetos sinceros, de atitudes maduras, de comportamentos honestos. Não quero amar apenas quem é amorável, quero amar quem merece ser amado. Por causa e apesar de. E eu brindo o que é recíproco mesmo que não seja idílico. Tenho plena consciência de que na diferença que o Outro me traz é que aprendo, mas que venha com transparência. Eu prezo pessoas de verdade, estas me são caras. Os fakes eu respeito e deixo que sigam. Não há problema nenhum em nada e ninguém, desde que eu saiba que sobre a minha vida, a mim me cabem as escolhas. E eu dou o meu melhor e mereço receber o melhor também.
E todo este meu trabalho interno poderia ser resumido assim: eu quero crescer para mim mesma.



Marla de Queiroz


Erico Veríssimo, velho amigo amado, uma das minhas mais duras perdas, me disse quando eu era muito jovem: "Lya, em certos momentos o que nos salva nem é o amor, é o humor."



Lya Luft - Falta alegria em nossas vidas, Veja - 28.07.2004


Eu tenho pensado nas pessoas que me somam. Naquelas que perdem seu tempo e energia comigo, insistindo de várias formas, para que o meu riso seja constante e as preocupações, pequenas. Naquelas pessoas que me pegam pela mão e me ajudam a atravessar abismos.
Eu tenho pensado nas pessoas que fazem abrigo no coração, pra eu morar. Naquelas que tecem milhares de sorrisos no meu rosto. Naquelas que constrõem inúmeras certezas em cima do meu medo. Naquelas que falam bonito, depois de uma tempestade emocional desabar sobre o meu quintal. Naquelas que plantam pés de esperança, no vaso de entrada, pra encantar meu olhar. Aquelas pessoas que não desistem da gente, eu agradeço!”




Cris Carvalho

Quem guarda mágoas só perde espaço interno, é por isso que o peito fica tão apertado…



"Volte os olhos para seu passado e diga: Eu fiz o que pude, com o conhecimento e a compreensão que possuía naquele momento. Não se culpe por mais nada. Leve as mãos ao seu coração e diga: "Eu deixo o meu passado ir embora de uma vez."


É maravilhoso quando conseguimos soltar um pouco o nosso medo e passamos a desfrutar a preciosa oportunidade de viver com o coração aberto, capaz de sentir a textura de cada experiência, no tempo de cada uma. Sem estarmos enclausurados em nós mesmos, é certo que aumentamos as chances de sentir um monte de coisas, agradáveis ou não, mas o melhor de tudo, é que aumentamos as chances de sentir que estamos vivos. Podemos demorar bastante para perceber o óbvio: coração fechado já é dor, por natureza, e não garante nada, além de aperto e emoções mofadas. Como bem disse Virginia Woolf, “não se pode ter paz evitando a vida.



Ana Jácomo


Nós nunca descobriremos o que vem depois da escolha, se não tomarmos uma decisão. Por isso, entenda os seus medos, mas jamais deixe que eles sufoquem os seus sonhos.




Alice no País das Maravilhas

Dentro de um abraço


Onde é que você gostaria de estar agora, nesse exato momento?
Fico pensando nos lugares paradisíacos onde já estive, e que não me custaria nada reprisar: num determinado restaurante de uma ilha grega, em diversas praias do Brasil e do mundo, na casa de bons amigos, em algum vilarejo europeu, numa estrada bela e vazia, no meio de um show espetacular, numa sala de cinema assistindo à estreia de um filme muito esperado e, principalmente, no meu quarto e na minha cama, que nenhum hotel cinco estrelas consegue superar – a intimidade da gente é irreproduzível.

Posso também listar os lugares onde não gostaria de estar: num leito de hospital, numa fila de banco, numa reunião de condomínio, presa num elevador, em meio a um trânsito congestionado, numa cadeira de dentista.

E então? Somando os prós e os contras, as boas e más opções, onde, afinal, é o melhor lugar do mundo?

Meu palpite: dentro de um abraço.

Que lugar melhor para uma criança, para um idoso, para uma mulher apaixonada, para um adolescente com medo, para um doente, para alguém solitário? Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve.

Que lugar melhor para um recém-nascido, para um recém-chegado, para um recém-demitido, para um recém-contratado? Dentro de um abraço nenhuma situação é incer-ta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao paraíso.

O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico: nada há para se reivindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz nenhuma se faz necessária, está tudo dito.

Que lugar no mundo é melhor para se estar? Na frente de uma lareira com um livro estupendo, em meio a um estádio lotado vendo seu time golear, num almoço em família onde todos estão se divertindo, num final de tarde à beiramar, deitado num parque olhando para o céu, na cama com a pessoa que você mais ama?

Difícil bater essa última alternativa, mas onde começa o amor, senão dentro do primeiro abraço? Alguns o consideram como algo sufocante, querem logo se desvencilhar dele. Até entendo que há momentos em que é preciso estar fora de alcance, livre de qualquer tentáculo. Esse desejo de se manter solto é legítimo, mas hoje me permita não endossar manifestações de alforria. Entrando na semana dos namorados, recomendo fazer reserva num local aconchegante e naturalmente aquecido: dentro de um abraço que te baste.





Trecho de Feliz por Nada, de Martha Medeiros

segunda-feira, 11 de junho de 2012



Dá muito trabalho manter as aparências e agir naturalmente. A coisa não é bem assim como você pensa, nem tudo passou, nem tudo é leve e tranquilo. Tem muita reviravolta no peito, mágoa quebrada no estômago, azedume que não passa e queima a garganta. Tem muita dor guardada no infinito, tem muito a remendar, tem a lamentação pelo não dito.

A gente teima em não dar o braço a torcer, tenta virar a mesa, implora pra não sofrer. Não adianta, a culpa atormenta o peito, sacode as janelas, invade a sala, o quarto, os buracos e frestas. A gente se contorce por dentro, tenta acalmar o pensamento, vira para lá e para cá, tenta achar o que já foi perdido faz tempo.

E a gente mente tanto dizendo que tá tudo bem, que tá tudo em paz, que passou, que não dói mais, que já virou lembrança distante. No fundo ainda dói de uma forma bagunçada, revirada, transtornada. Mas isso ninguém vai saber.



Clarissa Corrêa


Fico meio sem jeito, meio muda, rouca e engasgada quando preciso dizer a palavra certa e ela se esconde de mim. É incrível como absolutamente nenhuma letra do alfabeto chega para me fazer companhia quando alguém morre. É uma solidão vestida de luto e abandono. Parece que as letras se vestem de preto e choram, caladas.

Acho muito pouco dizer sinto muito ou meus pêsames. Acho pouco dizer pode contar comigo. Acho pouco dizer que vai passar, afinal, não vai passar. Perder alguém dói mais do que a própria dor. Só você sabe o que sente quando perde alguém especial. Posso até tentar me colocar no seu lugar, mas vai ser em vão. Eu não sou você, não vivi o que você viveu, não sei da relação que você e a outra pessoa tinham. Por isso, mesmo querendo não posso te compreender.

Perdi meu avô. E doeu. Perdi parte da minha avó. E dói todo santo dia. Não quero nem pensar em perder meu pai ou minha mãe. Deve ser a dor que mais dói. Não importa se você se dá super bem ou super mal com seus pais. Não importa se existe um elo forte ou frágil. Pai e mãe são seres meio sagrados. Todo mundo tem uma lista infinita de abraços dados e não dados, ensinamentos recebidos, traumas que ficaram guardados, rancores que passaram, mágoas que se afogaram, coisas bonitas na memória, coisas não tão belas no fundo do armário interno. Pai e mãe são a primeira referência, o primeiro baú de histórias, a primeira palavra, o primeiro dente, o primeiro passo, o primeiro dia na escola, o primeiro machucado, o primeiro colo, o primeiro conforto, a primeira palavra ríspida, a primeira porta batida.

Acho pouco dizer que na vida as coisas acontecem na hora que têm que acontecer, apesar de acreditar nisso. Aqui todo mundo tem uma meta pra cumprir, um caminho, uma missão. Mas isso não é o suficiente, palavras não são suficientes para dizer ei, entendo a tua dor. Porque essa dor ninguém entende. Ela é única, exclusiva. E, infelizmente, ninguém pode te salvar de sentir cada parte desse sentimento dolorido. É egoísmo querer a pessoa de volta. É egoísmo pensar pura e simplesmente no que você sente. É egoísmo, sim, mas é inevitável. E quer saber? Somos humanos, somos egoístas, essa é a nossa natureza.

Alguns dizem que é melhor partir do que ficar aqui sofrendo, não é mesmo? Mas e quando o outro não estava sofrendo? E quando ele estava saudável, bem, com uma vida inteira pela frente e uma tragédia acontece? Não temos desculpa pra dar, a não ser o bom e velho “a vida quis assim”. Fatalidades acontecem todo dia. Os jornais nos contam isso todos os dias. Mas quando é dentro da nossa casa a coisa muda de figura.

Fico com uma vergonha, uma falta de tudo, uma vontade imensa de poder oferecer um conforto, um cobertor, uma proteção. Mas quem sou eu para oferecer abrigo? Não sei das suas neuras, das coisas mal resolvidas, das emoções guardadas, não sei de nada. A história é sua. A perda é sua. Só posso dizer que realmente sinto muito. Que imagino como seja difícil. Que acredito que o tempo vai amenizando as coisas. Que a gente deve rezar para quem partiu ter luz, muita luz. Que a gente deve tentar ser forte. Mas quem sou eu para dizer tudo isso?

Olha, as pessoas não deviam partir. É isso que acho: todo mundo tinha que ser eterno. Mas, por outro lado, as lembranças são eternas, ficam dentro da gente. E se nós estamos aqui para cumprir uma missão e depois seguir em frente, que assim seja. E que num futuro todo mundo se encontre e seja feliz para sempre. É isso que desejo, pra mim, pra você e pra todo mundo.


Clarissa Corrêa

domingo, 3 de junho de 2012



Enquanto crianças ou adolescentes acreditamos que a felicidade é um direito apenas de alguns poucos indivíduos, mas quando nos tornamos maduros, adultos, devemos entender que a felicidade pode ser construída diariamente, conscientemente, que faz parte da escolha de um caminho de vida.

Você já parou para pensar quanto tempo perdemos e o quanto nos desgastamos com questões passageiras?

Permitimos que problemas efêmeros contaminem nosso dia a dia sem nos darmos conta que o tempo que temos neste planeta é muito pequeno e passa depressa demais. Brigamos neuroticamente com tudo e todos, sem perceber que estamos em briga com nós mesmos!

Você não percebe que cada minuto de sua vida é precioso, cada minuto que deixa passar já faz parte do passado?

Acabou, não volta nunca mais, você perdeu...ou ganhou se tiver consciência do quanto a vida é efêmera e do quanto alguns problemas só existem em nossas mentes doentias.

Uma reação diferente da que você costuma ter, algo que surpreenda quem está ao seu lado, uma palavra, um abraço, um olhar carregado de ternura pode transformar toda dinâmica de um dia inteiro.

Reaja de maneira diferente da costumeira, surpreenda e veja o resultado. Mude, escolha vibrar em uma sintonia mais elevada. Não tenha medo de sorrir, de amar e dizer que ama, de precisar e dizer que precisa, seja acolhedor, abra seu coração e deixe a vida entrar.

Mesmo que esteja doente, não se coloque na posição de doente, lute para que apesar de tudo você possa ser feliz, pois a felicidade não é algo de grande intensidade, é algo simples, um estado de tranqüilidade.

Quando escolhemos mudar em direção às coisas positivas da vida, aos sentimentos que nos fazem vibrar, tudo muda ao nosso redor. Nossa vida se transforma em outra vida, as pessoas que não agüentam esse nível de vibração se afastarão de nós e atrairemos pessoas bem mais interessantes do que aquelas que tivemos ao nosso lado até então.

Primeiro investigue dentro de você os sentimentos de auto-estima, vaidade pessoal, arrogância, ganância, agressividade, desprezo, e outros tantos que todos nós trazemos dentro de nossos corações machucados.

Depois, comece o trabalho de mudança de cada um deles. No começo será muito difícil, mas com o tempo, tudo caminhará com mais facilidade. Fique atento às pequenas reações e faça diferente.

Seja mais tolerante àquelas perguntas que irritam, àquele barulho em hora indevida, àquela atitude que se repete, seja mais amigo, explique ao invés de gritar, sorria com amor ao invés de ironizar.

Mude sua atitude. Sem atitude nada muda e sem mudança, não conseguiremos alcançar nossa meta, a felicidade.



(Desconheço autoria)