domingo, 11 de novembro de 2012


Que venham as palavras: nocivas, indecisas, despudoradas, vestidas de dores, de mágoas, de raivas. Que venham como quiserem, que se ofereçam delicadas ou urgentes, despidas de tudo, eloquentes, mas que sejam transparentes. Que venham sem falso moralismo, sem recalques, sem alegrias artificiais, sem entusiasmos opacos. Venham palavras: inocentes, indecentes, inexistentes. Componham frases, poemas, cartas, bilhetes, músicas. Venham livres, eufóricas e aladas, sem apego ao poeta-instrumento, à paisagem, ao sentimento, a nada. Venham vivas, mesmo que para falar, acidamente, dos mortos que ainda não foram enterrados.

Marla de Queiroz
 
A vida em plano B acontece todos os segundos do dia, principalmente quando você não tem bem certeza se usa amarelo ou pretinho básico e deixa de sair porque não conseguiu se decidir sem gerar lágrimas nos olhos. “Estou feia”, você pensa vendo alguma pele sobrar nos quadris. Acontece enquanto você está no trabalho com medo do seu chefe que nem se lembra do seu nome. Naquele momento em que você não devolve um olhar porque ainda está ferida pelo desastre do relacionamento anterior.

A vida em Plano B é quando por um lapso de consciência, você resolve sair de camiseta amarela e maquiagem borrada, percebe que seu chefe é só mais um ser humano frustrado que se dedica demais ao trabalho e que um olhar pode fazer esquecer a decepção da semana passada.

O Plano B é hoje. É agora.

Eu não sei se há vida nas próximas duas horas ou daqui 25 anos. Não sei se darei as mãos em frente ao mar sentindo que nada me falta, se minha preocupação será com o horário de pegar as crianças na escola, se comprarei cremes para as rugas e shampoo para cabelos grisalhos. Mas neste segundo eu posso afirmar com as minhas maiores convicções: o sangue passeia pelo meu corpo, o ar entra e sai dos meu pulmões, os segundos do relógio brigam com as pilhas fracas e passam correndo. Eu não posso ignorar. Eu não posso sentar e assinar papéis cheios de poeira enquanto o sol colore a pele de outras pessoas na praia. Não posso ver um avião decolar da janela de um escritório. Eu preciso estar no avião e ver tudo de cima. Hoje eu digo que estou viva e nada me impede de viver. Em todos os planos.


Verônica H.
 
 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

 
A vida é mesmo feita de encontros. E que bom que as coisas são assim. É preciso ter paciência, pois nada acontece pra ontem. O amanhã é cheio de surpresas, basta a gente estar com o coração aberto. Muita gente se questiona "por que eu não encontro o amor?". Mas quer saber uma verdade? É o amor que nos encontra. Só que é preciso estar preparado, maduro, seguro. E isso não acontece do dia para a noite.
 
É necessário ter uma espécie de preparação para o que virá. Mesmo porque o amor não é uma dança com passos firmes, ele às vezes é uma vertigem. Outras tantas é calmaria, depende de como a gente se comporta e o recebe.
 
A maturidade é essencial, senão ele chega ao nosso lado e nem nos damos conta. É preciso estar atendo - e ao mesmo tempo sossegado - para ter o encontro com o sentimento mais bonito que existe nesse mundo inteirinho.
 
 
 
Clarissa Corrêa

segunda-feira, 8 de outubro de 2012


Hoje eu aprendi que quando um coração está ocupado, não adianta ficar na porta à espera de uma chance, deseje boa sorte e que o amor dessa pessoa por outro alguém vingue. Maturidade é olhar de longe o que ainda você gostaria de ter perto de você.



Dri Cassimiro
 
A vida é tão maravilhosa porque também é feita de colos, de feridas que cicatrizam, de amigos que celebram ou choram junto. Feita de pessoas apaixonadas e apaixonantes, possíveis e impossíveis, pessoas que machucam, pessoas que chegam pra curar.
 
 
 
Marla de Queiroz


Mas eu tinha que ficar contente. E quando você quer, você fica. Comecei a ficar.



Caio F. Abreu

terça-feira, 14 de agosto de 2012

 
 
Não importa a sua idade, o que você já viveu, se o seu nome está limpo na praça e quanto a balança da farmácia acusa toda vez que você sobe nela. Uma coisa é certa: toda mulher já idealizou um amor. Na verdade, acho que todo mundo já teve lá suas fantasias. 

Homens e mulheres já pensaram nas qualidades que gostariam que suas mulheres e homens tivessem. Quero um cara que me entenda, que me ouça, que tenha alguma beleza, que use cintos decentes, que não ajeite a cueca no meio da rua, que saiba falar italiano e que goste de arte. Quero uma mulher que tenha bons peitos, saiba fazer sushi, goste de rock, curta um filminho pornô e saiba rir. Cada um idealiza de um jeito. Até que a realidade bate forte na nossa porta.

É claro que eu tinha sonhos e uma lista extensa. Queria que fosse moreno, tivesse olhos claros, fosse alto, tivesse braços fortes, soubesse cantar, me fizesse rir, gostasse de cachorro, soubesse cozinhar, fosse carinhoso, atencioso e me escutasse. Meu marido não é igual a essa lista, ou seja, ele não é o marido dos sonhos. É moreno, tem os olhos claros, tem a minha altura, tem braços fortes, não canta, mas toca violão e guitarra, me faz rir, passou a gostar mais de cachorro depois de me conhecer, não sabe cozinhar, mas prepara ótimos drinks, é carinhoso, atencioso e me escuta. De vez em quando. É que ele pertence ao gênero masculino, ou seja, não consegue prestar atenção em tudo que eu digo, pois falo rápido e mudo de assunto a todo instante. Apesar disso, sei que ele tenta me acompanhar. Além disso, ele é dono de um humor que chega a me assustar de tão bom. Juro que nunca vi pessoa mais bem humorada. Mas ele também é ranzinza, cheio de manias, meio mimado, gosta de tudo do jeito dele, rói as unhas e tem mais um monte de defeitos. É que ele é de carne e osso, é gente. E gente é assim, se é que você me entende.

Crescemos com uma ideia na cabeça. A vida inteira é assim, até que a gente se depara com o amor. E agora? E agora você abandona tudo que achou, tudo que sonhou e começa a sonhar junto. É muito mais legal, muito mais excitante, muito mais divertido, muito mais perigoso. 

O amor não tem fórmula, mas eu acho que o amor tem que fazer rir, tem que ter graça. A graça tem que entrar na hora em que as coisas ficam mais pesadas, mais sérias, mais sem saída. É que nem sempre tudo é bom e caminha bem. O amor  de vez em quando anda na corda bamba. Ele tropeça, quase cai, mas fica em pé. Porque ele precisa ser trabalhado, não basta amar e pronto. O amor tem rotina, tem ronco, tem louça suja, tem conta que vence, tem tapete do banheiro molhado, tem tampa da privada levantada, tem bagunça no meio da sala, tem roupa pra lavar, tem cocô do cachorro pra juntar, tem ciúme, tem briga, tem sujeira, tem toalha molhada na cama, tem comida no forno, tem copo vazio na mesa de centro, tem discussão por besteira, tem calor, tem frio, tem sede, tem fome. 

Amar não é nada fácil, apesar do amor ser simples. O amor é construção. E é justamente por isso que a gente deve esquecer tudo que aprendeu, tudo que imaginou e começar do zero. E recomeçar todo santo dia. Porque o amor é isso: um eterno recomeço.
 
 
Clarissa Corrêa

quarta-feira, 4 de julho de 2012




Engraçado como algumas coisas se tornam permanentes em nossas vidas, sem que ao menos a gente perceba. Hoje me fizeram lembrar você... Perguntaram-me se tenho sabido de você e se ainda nos víamos. Sorri e respondi que, não, pras duas perguntas! Se fosse em outros tempos, eu teria difamado você (e teria certamente perdido o resto do dia, remoendo cada canalhice sua)... Só que hoje não. E acho que eu sei exatamente o que isso quer dizer... Quando desperdiçamos energia com algo, é porque nós nos importamos, sabe? E eu não me importo... mais! Te amei por anos, te odiei por meses... Só que hoje não! Quando alguém nos machuca, temos tantas opções... Podemos lamentar e achar o mundo injusto e desgraçado; ou podemos acreditar que, até o “nunca” e o “pra sempre” se deslocam... E que a cada minuto, múltiplas possibilidades de recomeço passam por nós, sem que a gente nem mesmo perceba. E eu decidi acreditar... Acreditar que o universo trabalha sempre ao nosso favor e que Ele, lá de cima, na sua mais imensurável sabedoria e benevolência, destina o melhor pra nós. Porque o nosso tempo é diferente do tempo de Deus. E quando a gente aceita isso, tudo fica menos doído. E no fundo? Não vale mesmo a pena... E não faz sentido algum. Amar você foi o pior engano e odiá-lo foi a maior estupidez, que me dei ao trabalho de cometer. Eu não gosto da versão de mim que surgiu dessa merda toda. Eu não sou nem nunca fui, vingativa, amarga, maquiavélica. Eu não sou nem nunca fui uma pessoa infeliz... Desse tipo que só consegue esboçar sorrisos diante da desgraça alheia. Eu sou tão maior que toda essa sujeira. E é por isso que hoje, eu escolhi que não! Que não vou mais cutucar as feridas tão antigas e entreabertas do meu peito. Não vou mais prorrogar a decisão de te esquecer por completo. Que não vou mais adiar a despedida de todas as suas lembranças que permaneceram em mim, mesmo depois de tantos desenganos. Eu não sei ao certo há quanto tempo, eu só sei que faz muito tempo; e que lá atrás eu decidi te esquecer. E essa foi a decisão mais coesa que pude tomar em toda a vida. Queria poder dizer de peito aberto que eu te desejo o melhor e que todas aquelas coisas que você me falou, não fazem mais barulho dentro de mim. Só que ainda não. Pedi ao tempo, a solução. Ele sorriu e pediu que eu o deixasse passar. E eu o deixarei... Porque eu sei... Só eu sei... E a verdade é que você não precisava ter sabido. Mas eu tentei. Eu sei que tentei. E sabe do que mais? Deus é O cara! E tem sempre razão no que faz. Ele sempre tem. E um dia você vai... Eu sei que um dia você vai enxergar e também vai aprender. Só que aí, eu não vou estar mais aqui.



Desconheço Autoria

segunda-feira, 2 de julho de 2012



Acho que posso dizer que é amor, sim. Mesmo que a gente tenha se perdido para que eu pudesse encontrar a mim mesma. Mesmo que a gente tenha se perdido para que você pudesse buscar a si mesmo. É amor porque eu te guardo na lembrança bonita do meu crescimento, da descoberta do que era a co-dependência ou da fusão que subtrai. É amor, porque cantamos juntos, dançamos juntos, choramos juntos, fizemos amor intensamente, trocamos profundamente as angústias da alma, torcemos um pelo outro, nos ajudamos, viajamos juntos, gargalhamos desarvoradamente, dormimos juntos no melhor abraço um do outro, descobrimos novas músicas, sinônimos, livros, enlouquecemos lindamente, brigamos muito, fizemos as pazes várias vezes e fomos embora um do outro quando nada mais era poesia. Não foi triste, mas doeu profundamente.Uma dor resignada porque eu podia ver com clareza que já não nos acrescentávamos nada. E aprendi a trabalhar o desapego e o perdão. E hoje, quando vejo você sorrir, eu sinto que estamos bem e que fizemos a coisa certa. E o amor só pode ser isto: querer que o Outro encontre a felicidade a qualquer custo, mesmo que isso exclua você da plenitude dele. Mesmo que isto exclua o Outro da sua plenitude.



Marla de Queiroz

quinta-feira, 28 de junho de 2012




Tenho tentado não agir por impulso. E vejo com clareza, após pensar, repensar e estudar os vários ângulos possíveis de uma situação, o que devo remover e acrescentar na minha vida. Infelizmente, isto também inclui pessoas. E pessoas que, em determinado momento, tiveram uma importância primordial na minha existência. Mas eu mudei, elas mudaram. E não foram apenas as idiossincrasias que nos afastaram, mas simplesmente, ter valores que não se casavam mais, desconfortos maiores que alegrias, disputas estéreis, uma necessidade insaciável de despertar emoções negativas, e um vácuo enorme onde havia abraço. Onde havia amor (?).
Não foi fácil, não tem sido, mas tenho me sentido mais coerente com as coisas que me propus a viver. Com as coisas que eu tenho para dar e derramar. Com o espaço que abro para o tipo de relações de trocas reais, de afetos sinceros, de atitudes maduras, de comportamentos honestos. Não quero amar apenas quem é amorável, quero amar quem merece ser amado. Por causa e apesar de. E eu brindo o que é recíproco mesmo que não seja idílico. Tenho plena consciência de que na diferença que o Outro me traz é que aprendo, mas que venha com transparência. Eu prezo pessoas de verdade, estas me são caras. Os fakes eu respeito e deixo que sigam. Não há problema nenhum em nada e ninguém, desde que eu saiba que sobre a minha vida, a mim me cabem as escolhas. E eu dou o meu melhor e mereço receber o melhor também.
E todo este meu trabalho interno poderia ser resumido assim: eu quero crescer para mim mesma.



Marla de Queiroz


Erico Veríssimo, velho amigo amado, uma das minhas mais duras perdas, me disse quando eu era muito jovem: "Lya, em certos momentos o que nos salva nem é o amor, é o humor."



Lya Luft - Falta alegria em nossas vidas, Veja - 28.07.2004


Eu tenho pensado nas pessoas que me somam. Naquelas que perdem seu tempo e energia comigo, insistindo de várias formas, para que o meu riso seja constante e as preocupações, pequenas. Naquelas pessoas que me pegam pela mão e me ajudam a atravessar abismos.
Eu tenho pensado nas pessoas que fazem abrigo no coração, pra eu morar. Naquelas que tecem milhares de sorrisos no meu rosto. Naquelas que constrõem inúmeras certezas em cima do meu medo. Naquelas que falam bonito, depois de uma tempestade emocional desabar sobre o meu quintal. Naquelas que plantam pés de esperança, no vaso de entrada, pra encantar meu olhar. Aquelas pessoas que não desistem da gente, eu agradeço!”




Cris Carvalho

Quem guarda mágoas só perde espaço interno, é por isso que o peito fica tão apertado…



"Volte os olhos para seu passado e diga: Eu fiz o que pude, com o conhecimento e a compreensão que possuía naquele momento. Não se culpe por mais nada. Leve as mãos ao seu coração e diga: "Eu deixo o meu passado ir embora de uma vez."


É maravilhoso quando conseguimos soltar um pouco o nosso medo e passamos a desfrutar a preciosa oportunidade de viver com o coração aberto, capaz de sentir a textura de cada experiência, no tempo de cada uma. Sem estarmos enclausurados em nós mesmos, é certo que aumentamos as chances de sentir um monte de coisas, agradáveis ou não, mas o melhor de tudo, é que aumentamos as chances de sentir que estamos vivos. Podemos demorar bastante para perceber o óbvio: coração fechado já é dor, por natureza, e não garante nada, além de aperto e emoções mofadas. Como bem disse Virginia Woolf, “não se pode ter paz evitando a vida.



Ana Jácomo


Nós nunca descobriremos o que vem depois da escolha, se não tomarmos uma decisão. Por isso, entenda os seus medos, mas jamais deixe que eles sufoquem os seus sonhos.




Alice no País das Maravilhas

Dentro de um abraço


Onde é que você gostaria de estar agora, nesse exato momento?
Fico pensando nos lugares paradisíacos onde já estive, e que não me custaria nada reprisar: num determinado restaurante de uma ilha grega, em diversas praias do Brasil e do mundo, na casa de bons amigos, em algum vilarejo europeu, numa estrada bela e vazia, no meio de um show espetacular, numa sala de cinema assistindo à estreia de um filme muito esperado e, principalmente, no meu quarto e na minha cama, que nenhum hotel cinco estrelas consegue superar – a intimidade da gente é irreproduzível.

Posso também listar os lugares onde não gostaria de estar: num leito de hospital, numa fila de banco, numa reunião de condomínio, presa num elevador, em meio a um trânsito congestionado, numa cadeira de dentista.

E então? Somando os prós e os contras, as boas e más opções, onde, afinal, é o melhor lugar do mundo?

Meu palpite: dentro de um abraço.

Que lugar melhor para uma criança, para um idoso, para uma mulher apaixonada, para um adolescente com medo, para um doente, para alguém solitário? Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve.

Que lugar melhor para um recém-nascido, para um recém-chegado, para um recém-demitido, para um recém-contratado? Dentro de um abraço nenhuma situação é incer-ta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao paraíso.

O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico: nada há para se reivindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz nenhuma se faz necessária, está tudo dito.

Que lugar no mundo é melhor para se estar? Na frente de uma lareira com um livro estupendo, em meio a um estádio lotado vendo seu time golear, num almoço em família onde todos estão se divertindo, num final de tarde à beiramar, deitado num parque olhando para o céu, na cama com a pessoa que você mais ama?

Difícil bater essa última alternativa, mas onde começa o amor, senão dentro do primeiro abraço? Alguns o consideram como algo sufocante, querem logo se desvencilhar dele. Até entendo que há momentos em que é preciso estar fora de alcance, livre de qualquer tentáculo. Esse desejo de se manter solto é legítimo, mas hoje me permita não endossar manifestações de alforria. Entrando na semana dos namorados, recomendo fazer reserva num local aconchegante e naturalmente aquecido: dentro de um abraço que te baste.





Trecho de Feliz por Nada, de Martha Medeiros

segunda-feira, 11 de junho de 2012



Dá muito trabalho manter as aparências e agir naturalmente. A coisa não é bem assim como você pensa, nem tudo passou, nem tudo é leve e tranquilo. Tem muita reviravolta no peito, mágoa quebrada no estômago, azedume que não passa e queima a garganta. Tem muita dor guardada no infinito, tem muito a remendar, tem a lamentação pelo não dito.

A gente teima em não dar o braço a torcer, tenta virar a mesa, implora pra não sofrer. Não adianta, a culpa atormenta o peito, sacode as janelas, invade a sala, o quarto, os buracos e frestas. A gente se contorce por dentro, tenta acalmar o pensamento, vira para lá e para cá, tenta achar o que já foi perdido faz tempo.

E a gente mente tanto dizendo que tá tudo bem, que tá tudo em paz, que passou, que não dói mais, que já virou lembrança distante. No fundo ainda dói de uma forma bagunçada, revirada, transtornada. Mas isso ninguém vai saber.



Clarissa Corrêa


Fico meio sem jeito, meio muda, rouca e engasgada quando preciso dizer a palavra certa e ela se esconde de mim. É incrível como absolutamente nenhuma letra do alfabeto chega para me fazer companhia quando alguém morre. É uma solidão vestida de luto e abandono. Parece que as letras se vestem de preto e choram, caladas.

Acho muito pouco dizer sinto muito ou meus pêsames. Acho pouco dizer pode contar comigo. Acho pouco dizer que vai passar, afinal, não vai passar. Perder alguém dói mais do que a própria dor. Só você sabe o que sente quando perde alguém especial. Posso até tentar me colocar no seu lugar, mas vai ser em vão. Eu não sou você, não vivi o que você viveu, não sei da relação que você e a outra pessoa tinham. Por isso, mesmo querendo não posso te compreender.

Perdi meu avô. E doeu. Perdi parte da minha avó. E dói todo santo dia. Não quero nem pensar em perder meu pai ou minha mãe. Deve ser a dor que mais dói. Não importa se você se dá super bem ou super mal com seus pais. Não importa se existe um elo forte ou frágil. Pai e mãe são seres meio sagrados. Todo mundo tem uma lista infinita de abraços dados e não dados, ensinamentos recebidos, traumas que ficaram guardados, rancores que passaram, mágoas que se afogaram, coisas bonitas na memória, coisas não tão belas no fundo do armário interno. Pai e mãe são a primeira referência, o primeiro baú de histórias, a primeira palavra, o primeiro dente, o primeiro passo, o primeiro dia na escola, o primeiro machucado, o primeiro colo, o primeiro conforto, a primeira palavra ríspida, a primeira porta batida.

Acho pouco dizer que na vida as coisas acontecem na hora que têm que acontecer, apesar de acreditar nisso. Aqui todo mundo tem uma meta pra cumprir, um caminho, uma missão. Mas isso não é o suficiente, palavras não são suficientes para dizer ei, entendo a tua dor. Porque essa dor ninguém entende. Ela é única, exclusiva. E, infelizmente, ninguém pode te salvar de sentir cada parte desse sentimento dolorido. É egoísmo querer a pessoa de volta. É egoísmo pensar pura e simplesmente no que você sente. É egoísmo, sim, mas é inevitável. E quer saber? Somos humanos, somos egoístas, essa é a nossa natureza.

Alguns dizem que é melhor partir do que ficar aqui sofrendo, não é mesmo? Mas e quando o outro não estava sofrendo? E quando ele estava saudável, bem, com uma vida inteira pela frente e uma tragédia acontece? Não temos desculpa pra dar, a não ser o bom e velho “a vida quis assim”. Fatalidades acontecem todo dia. Os jornais nos contam isso todos os dias. Mas quando é dentro da nossa casa a coisa muda de figura.

Fico com uma vergonha, uma falta de tudo, uma vontade imensa de poder oferecer um conforto, um cobertor, uma proteção. Mas quem sou eu para oferecer abrigo? Não sei das suas neuras, das coisas mal resolvidas, das emoções guardadas, não sei de nada. A história é sua. A perda é sua. Só posso dizer que realmente sinto muito. Que imagino como seja difícil. Que acredito que o tempo vai amenizando as coisas. Que a gente deve rezar para quem partiu ter luz, muita luz. Que a gente deve tentar ser forte. Mas quem sou eu para dizer tudo isso?

Olha, as pessoas não deviam partir. É isso que acho: todo mundo tinha que ser eterno. Mas, por outro lado, as lembranças são eternas, ficam dentro da gente. E se nós estamos aqui para cumprir uma missão e depois seguir em frente, que assim seja. E que num futuro todo mundo se encontre e seja feliz para sempre. É isso que desejo, pra mim, pra você e pra todo mundo.


Clarissa Corrêa

domingo, 3 de junho de 2012



Enquanto crianças ou adolescentes acreditamos que a felicidade é um direito apenas de alguns poucos indivíduos, mas quando nos tornamos maduros, adultos, devemos entender que a felicidade pode ser construída diariamente, conscientemente, que faz parte da escolha de um caminho de vida.

Você já parou para pensar quanto tempo perdemos e o quanto nos desgastamos com questões passageiras?

Permitimos que problemas efêmeros contaminem nosso dia a dia sem nos darmos conta que o tempo que temos neste planeta é muito pequeno e passa depressa demais. Brigamos neuroticamente com tudo e todos, sem perceber que estamos em briga com nós mesmos!

Você não percebe que cada minuto de sua vida é precioso, cada minuto que deixa passar já faz parte do passado?

Acabou, não volta nunca mais, você perdeu...ou ganhou se tiver consciência do quanto a vida é efêmera e do quanto alguns problemas só existem em nossas mentes doentias.

Uma reação diferente da que você costuma ter, algo que surpreenda quem está ao seu lado, uma palavra, um abraço, um olhar carregado de ternura pode transformar toda dinâmica de um dia inteiro.

Reaja de maneira diferente da costumeira, surpreenda e veja o resultado. Mude, escolha vibrar em uma sintonia mais elevada. Não tenha medo de sorrir, de amar e dizer que ama, de precisar e dizer que precisa, seja acolhedor, abra seu coração e deixe a vida entrar.

Mesmo que esteja doente, não se coloque na posição de doente, lute para que apesar de tudo você possa ser feliz, pois a felicidade não é algo de grande intensidade, é algo simples, um estado de tranqüilidade.

Quando escolhemos mudar em direção às coisas positivas da vida, aos sentimentos que nos fazem vibrar, tudo muda ao nosso redor. Nossa vida se transforma em outra vida, as pessoas que não agüentam esse nível de vibração se afastarão de nós e atrairemos pessoas bem mais interessantes do que aquelas que tivemos ao nosso lado até então.

Primeiro investigue dentro de você os sentimentos de auto-estima, vaidade pessoal, arrogância, ganância, agressividade, desprezo, e outros tantos que todos nós trazemos dentro de nossos corações machucados.

Depois, comece o trabalho de mudança de cada um deles. No começo será muito difícil, mas com o tempo, tudo caminhará com mais facilidade. Fique atento às pequenas reações e faça diferente.

Seja mais tolerante àquelas perguntas que irritam, àquele barulho em hora indevida, àquela atitude que se repete, seja mais amigo, explique ao invés de gritar, sorria com amor ao invés de ironizar.

Mude sua atitude. Sem atitude nada muda e sem mudança, não conseguiremos alcançar nossa meta, a felicidade.



(Desconheço autoria)

sexta-feira, 25 de maio de 2012


Sou forte. Meio doce e meio ácida. Em alguns dias acho que sou fraca. E boba. Preciso de um lugar onde enfiar a cara pra esconder as lágrimas. Aí penso que não sou tão forte assim e começo a olhar pra mim. Sou forte sim, mas também choro. Sou gente. Sou humana. Sou manhosa. Sou assim. Quero que as coisas aconteçam já, logo, de uma vez. Quero que meus erros não me impeçam de continuar olhando para a frente. E quero continuar errando, pois jamais serei perfeita (ainda bem!). Tampouco quero ser comum e normal. Quero ser simplesmente eu. Quero rir, sorrir e chorar. Sentir friozinho na barriga, nó no peito, tremedeira nas pernas. Sentir que as coisas funcionam e que tenho que trocar de jeito quando insisto em algo que não dá resultado. Quero aprender e, ainda assim, continuar criança. Ficar no sol e sentir o vento gelado no nariz. Quero sentir cheiro de grama cortada e café passado. Cheiro de chuva, de flor, cheiro de vida. Aprecio as coisas simples e quero continuar descomplicando o que parece complicado. Se der pra resolver, vamos lá! Se não dá, deixa pra lá. A vida não é complicada e nem difícil, tudo depende de como a gente encara e se impõe. Quero ser eu, com minha cara azeda e absurdamente açucarada. Não quero saber tudo e nem ser racional. Quero continuar mantendo o meu cérebro no lugar onde ele se encontra: meu coração. E essa é a melhor parte de mim.



Clarissa Corrêa

quinta-feira, 10 de maio de 2012



Eu gostaria de me livrar de meus pesos. Queria ser mais leve, mais simples. Querer uma coisa só de cada vez. (...) Tenho uma intuição de que quando eu simplificar a minha vida, a felicidade chegará em minha casa, quando eu menos esperar.



Pe. Fábio de Melo


Minha avó dizia: para ser feliz, a gente não precisa sair do lugar, a gente tem que ser o lugar.



Carpinejar


                                               Qual é o teor da sua energia?

A mediunidade faz parte da natureza. Todos somos médiuns, uns mais, outros menos desenvolvidos, e trocamos energias uns com os outros.
Com umas você sente prazer enorme em conversar, com outras você antipatiza, quer vê-las pelas costas. Isso não é apenas um capricho seu, mas um reflexo das energias que elas irradiam e você capta.
Existem pessoas nutritivas e pessoas sugadoras.

As nutritivas são:
Independentes. Cuidam de si, assumem suas próprias necessidades, evitam descrregar seus problemas nos outros, procuram ganhar seu próprio dinheiro.
Generosas. Dão os bens que não vão mais utilizar, cooperam com as obras de cunho social. Estão sempre se renovando.
Confiantes em si. Estudam as experiências alheias, mas na hora de decidir não perguntam aos outros o que fazer.
Otimistas. Em todos os acontecimentos olham os lados positivos. Nunca fazem drama de nada.
Respeitosas. Nunca invadem o espaço de ninguém. Aceitam os outros como são sem desejar muda-los.

As sugadoras são:
Vítimas. Sofredoras. Quando lhes acontece uma coisa boa, ficam logo esperando uma coisa ruim. Culpam o governo, a sociedade, as pessoas por suas dificuldades.
Dependentes. Nunca fazem nada sozinhas. Acham tudo difícil. Sentem-se incapazes.
Indecisas. Não têm opinião própria. Só fazem o que os outros dizem.
Depressivas. Jamais falam do que já têm, só do que ainda lhes falta. Estão sempre querendo atenção especial das pessoas e revoltam-se quando não são atendidas.
Inseguras. Apegam-se a tudo e a todos. Têm medo das mudanças, do novo e do futuro. São ansiosas e dramáticas. Vêem o lado pessimista dos fatos.

Quando você capta energia de pessoa nutritiva, sente-se muito bem. Mas se de repente sente o corpo pesado, boceja, fica deprimida, triste, com dor de cabeça ou enjôo, provavelmente absorveu as energias de uma pessoa sugadora.

Nesse caso, vá para um lugar sossegado e faça o seguinte exercício:
Feche os olhos e pergunte mentalmente de onde vêm essas energias. O rosto da pessoa aparecerá em sua memória. Então, imagine que você está dentro de sua pele e diga com firmeza:
- Eu não quero nada de você... O que é seu é seu. O que é meu é meu. Fico com minha energia. O resto vai sair agora, não quero isso para mim.
Sentirá imediatamente grande alívio. Contudo, se você se sente rejeitada pelas pessoas, está na hora de observar quais as energias que você irradia. Elas são responsáveis por tudo que você atrai em sua vida.
Pense nisso.


Zíbia Gasparetto

quarta-feira, 9 de maio de 2012




Se você que ser feliz, mande embora seu "severo juiz", ouça seu coração. Valorize o que sente e seja uma pessoa verdadeira. Assuma seus sentimentos. Só diga sim depois de sentir o que realmente quer. Não tenha receio de dizer não. Deixe de contar seus problemas aos outros e perguntar o que deve fazer. Confie em seus critérios. Você pode! Experimente.


Zíbia Gasparetto


Se você é infeliz no amor, preste atenção no que está fazendo em sua vida. Identifique os papéis que tem assumido e reconheça que você não é nada daquilo. Descobrir como você é, do que gosta é a chave para obter felicidade.
Conhecer-se é fundamental. Saiba avaliar o que lhe dá prazer. Respeite seus sentimentos. Não tenha medo de ser o que é.
Se fizer isso, sentirá um calor agradável no peito, uma alegria gostosa, que tornará sua vida mais bonita e colocará mais sedução em seu sorriso.
Essa beleza da alma que se reflete nos sentimentos verdadeiros atrai, conquista, seduz. É o carisma. E se você jogar fora seu "sonho de amor", deixar acontecer naturalmente, gostar das pessoas como elas são, descobrirá de quanta beleza, dignidade, dedicação e amor elas são capazes. É só tentar.


Zíbia Gasparetto


Nosso subconsciente trabalha na materialização de nossas crenças. Ele não tem senso de humor. Faz sempre o que acreditamos. Não falha. Dessa forma, o fracasso não existe. Você foi sempre um sucesso! Sua vida é obra sua. Você é responsável por suas experiências. Mesmo aquelas que parecem não depender de você foram atraídas por sua forma de pensar.
As coisas não vão bem? Só colhe infelicidade? É hora de perceber como você consegue fazer isso. Certamente não escolheu a atitude adequada para obter bons resultados. Mudando essa atitude, tudo se modificará.
A vida deseja que você desenvolva seus potenciais de espírito eterno e aprenda a ser feliz. A felicidade é nosso destino e só o bem é verdadeiro. Para nos ensinar isso, a vida programa nossas experiências de acordo com nossas necessidades. Através do resultado dessas experiências conquistamos a sabedoria.
Na queixa há sempre uma justificativa para continuarmos a ser como somos, mas há também uma auto-imagem negativa. Você pensa que não pode fazer nada, que é incapaz e não merece. Conforma-se em ser pobre, em ficar em segundo plano, em pensar primeiro nos outros (“é feio pensar em você primeiro”). Acha que, para você ter, outros terão que dar e perder. Como se Deus fosse pobre e tão limitado que para dar a uns teria que tirar de outros. Esses pensamentos são altamente depressivos e atraem infelicidade.
Seu subconsciente obedece às mensagens que você lhe envia. Você tem todo o poder de criar seu próprio destino. Se deseja viver melhor, reconheça isso.
Faça uma lista de suas crenças e até das frases que costuma dizer. Se puser atenção e for sincera, logo vai perceber quais as crenças que são responsáveis por sua infelicidade. Não pense mais nelas. Esqueça-as. Quanto mais se preocupar em eliminá-las, mais pensará nelas e as alimentará.
Trate de cultivar o oposto. Faça afirmações positivas sempre usando o presente. Exemplo: “Eu sou feliz”, “Tenho muita sorte”, “Minha saúde está cada dia melhor”, etc. Escreva-as e espalhe-as em sua casa, nos lugares onde você possa vê-las constantemente. Repita-as várias vezes por dia.
Mas não se esqueça de pôr emoção nelas, acreditar realmente no que afirmar. Ignore aquela vozinha que lhe diz que não vai funcionar. Não custa nada experimentar.
Lembre-se de que todos os problemas de sua vida foram criados por você. Você foi, é e sempre será um sucesso. Suas escolhas podem ter dado um resultado diverso do que você esperava, mas você conseguiu materializa-las. Refletem o que você crê, e o que você crê seu subconsciente materializa.. Pense nisso.


Zíbia Gasparetto


Viver uma verdadeira experiência amorosa é um dos maiores prazeres da vida. Gostar é sentir com a alma, mas expressar os sentimentos depende das idéias de cada um. Condicionamos o amor às nossas necessidades neuróticas e acabamos com ele. Vivemos uma vida tentando fazer com que os outros se responsabilizem pelas nossas necessidades enquanto nós nos abandonamos irresponsavelmente.

Queremos ser amados e não nos amamos, queremos ser compreendidos e não nos compreendemos, queremos o apoio dos outros e damos o nosso a eles. Quando nos abandonamos, queremos achar alguém que venha a preencher o buraco que nós cavamos. A insatisfação, o vazio interior se transformam na busca contínua de novos relacionamentos, cujos resultados frustrantes se repetirão.

Cada um é o único responsável pelas suas próprias necessidades. Só quem se ama pode encontrar em sua vida Um Amor de Verdade.



Zíbia Gasparetto



O carisma é a expressão da alma. Quando a alma fala, sua essência espiritual e divina se manifesta, e a pessoa brilha, conquista, aparece. É nela que reside sua força e poder. Negá-la é preferir a obscuridade.



Zíbia Gasparetto

terça-feira, 8 de maio de 2012

 
É, não é fácil viver rodeado de gente. Parece que virou moda dar palpite na vida do outro. Ei, vocês estão ficando? Quando vão começar a namorar? Hum, estão namorando faz tempo, né? Quando sai o casamento? Quando vem o bebê? Quando ele vai ter um irmãozinho?

Se você é mulher, é obrigada a ter marido, emprego e filho. Se não trabalha é deitada. Se cuida da casa é Amélia. Se cuida do filho não é valorizada. Se você é homem, precisa ter um bom emprego, ser bom pai e bom de cama. Se não é bem sucedido as amigas da sua mulher vão te julgar. Se não é bom pai depois vai ter que pagar a conta da terapia. Se não é bom de cama vai ser assunto no happy hour com clericot.
Sobram faladores e falatórios. É impressionante. Dia desses uma amiga disse que não queria ter filhos e ia fazer mestrado. Ela é solteira, razoavelmente bonita. Não, não é encalhada. Não tem o carro do ano, mas um Palio 2009. Mora de aluguel, a escova progressiva está vencida e precisa perder dois números de calça. Tem uma boa cabeça, bebe socialmente, lê Kant, ouve The Doors e sabe fazer escondidinho de camarão. Ela não é uma lady, fala palavrão, não sabe passar roupa e tem uma violeta na janela. Está juntando grana e fazendo planos de ir para a Austrália em 2013. Sei que ela sente falta de um cara legal, mas ele ainda não apareceu. Enquanto o bendito não aparece, ela toca a vida e se diverte. Acho bonito.
Tem mulher que acha que um marido é solução pra tudo. Uma conhecida casou com um cara com grana, tem uma vida de madame e acha que tudo está bem assim. E, na boa, tudo deve estar bem assim pra ela. Se fosse pra mim não estaria, mas pra ela está. O que eu tenho a ver com isso? Nada. Só acho que marido não é garantia de nada. A gente tem que ser feliz com o que faz, o que sente e o que pensa. Só isso. Sozinha ou acompanhada.

Acho que todo mundo se completa com alguém. Lógico que sim, sou uma romântica incurável. Qualquer pessoa é mais feliz quando encontra (vem pra cá, Fábio Jr.) a metade da laranja. É melhor ter com quem dividir um passeio, uma novela, uma cama, uma história.

Tem mulher que empaca esperando o sapo/príncipe. Perda de tempo? Não sei, cada um tem uma filosofia de vida. Sempre me deixei guiar por instinto e emoção e não sei se estou certa. Antes do “cara certo”, apareceram muitos outros. Me enganei com muitos outros. Tem gente que tem sorte, ora, ora, uma ex-colega da escola começou a namorar com 17, casou, hoje tem 32, é advogada e tem dois filhos. Sortuda? Não. Algumas coisas acontecem. Tenho uma amiga que foi casada por muito tempo, foi traída, separou e hoje está sozinha. Ela não procura ninguém, mas não está aberta para novas relações. Acho por ter sofrido muito acabou se fechando inconscientemente. Não quer conhecer gente, mergulhou no trabalho e vive um dia de cada vez. Perdedora? Não. Cada um tem um tempo. Nem toda ferida cura na mesma hora. O que dá certo pra mim pode não dar pra você. E tudo bem, não estou certa e você errado. Somos diferentes. Sentimos de forma diferente. Tivemos experiências diferentes. Temos cicatrizes diferentes. E é isso que faz com que cada pessoa seja única e especial.
 
 
 
Clarissa Corrêa

segunda-feira, 7 de maio de 2012

 
 
Andei pensando no quanto somos frágeis. Uma simples gripe nos torna fracos. Uma palavra mal empregada nos abate. Um abraço não dado nos faz sofrer. Um sentimento não vivido faz a gente perder a esperança.

Tenho um pouco de medo da duração das coisas. Antes, eu acreditava no eterno. Mas depois de tantos percalços, tantas coisas perdidas e tantos nãos guardados no bolso eu já não sei mais. Não sei se ainda existe a sinceridade. No ato, no fato, no tato.

Sempre gostei de ser verdadeira, mas não sei até onde isso me leva. Não, eu não quero levar vantagem em nada. Só quero a reciprocidade, a sinceridade do outro como recompensa. Ando frustrada ao constatar que amigos verdadeiros posso contar apenas em uma mão. E, ainda assim, não sei se posso ser verdadeira com eles. Uma palavra atinge, fere, frustra, repele.

Eu digo o que penso e defendo quem amo. Meu jeito é esse. Minha forma de agir é essa desde que nasci. Não sei se isso é certo, errado ou legal, mas não conheço outra forma de ser. Todo mundo vai nos decepcionar um dia. já me decepcionaram, já decepcionei, mesmo sem querer. E a vida segue assim. Só não entendo como uma pessoa não pode ser ela mesma com outra sem causar algum constrangimento ou não satisfação. Acho que tudo é equilíbrio: eu tento te entender, você tenta me entender. Eu procuro me colocar no seu lugar, você procura se colocar no meu. Se eu vejo que passei do ponto peço desculpa, se você vê que passou do ponto você pede desculpa. Ninguém é sempre santo ou sempre devasso. Ninguém é dono da verdade, nem melhor que ninguém. Por isso, a gente guarda a arrogância no fundo do peito, engole o orgulho e dá o primeiro passo. Alguém tem que dar o primeiro passo, não é mesmo? Mas quer saber? Eu cansei de sempre dar o primeiro passo. Sei perdoar. Ou pelo menos me esforço pra isso. Tento me perdoar, tento te perdoar. Então eu pergunto: e você? Você sabe?

Lido com meus erros, com minha impaciência, com minha chatice, com minha imperfeição, com minha inveja, com meus sentimentos mundanos e não tão nobres. E você? Estou longe de ser a pessoa mais bacana do mundo, mas realmente fico feliz com sua alegria, com sua satisfação. Você fica com a minha? Você torce mesmo por mim? Você vibra com meus passos certeiros?

As relações são muito frágeis. As amizades, mesmo longas e firmes, são muito frágeis. O amor, por mais forte que seja, é muito frágil. Porque todo mundo se magoa, se fere, se atinge. Mesmo sem querer. Mas o que importa é o que a gente faz com isso, como a gente lida com a situação. O que importa é a gente querer fortalecer as coisas. Com clareza, maturidade e entendendo que não existe lado A ou B: todo mundo está do mesmo lado.
 
 
 

sexta-feira, 4 de maio de 2012

 
 
E a gente tem mesmo é que se libertar do que nos deixa triste. Deixar de lado tudo o que não nos acrescenta. Porque o que não vier para o nosso lado com o intuito de trazer leveza, que tome o caminho de volta.

 
 
 
Bibiana Benites


Tem um poema da Florbela Espanca que diz assim: “As coisas vêm a seu tempo/ quando vêm, essa é a verdade”. Um dia a coisa sai. E eu acredito no mecanismo do infinito, fazendo com que tudo aconteça na hora exata.


Caio F. Abreu
 
De uns tempos pra cá eu ando tão seletiva. 
Com coisas. 
Com pessoas. 
Com sentimentos. 
Com lugares. 
Ando assim agora.
 
 
Bibiana Benites


Não é sono, não é falta de tempo, não é dor física, muito menos depressão. Só vontade de me desligar do mundo por alguns segundos.



Caio Fernando Abreu


E agora, eu só quero que alguma coisa se realize. O mês é novo e eu, nova, quero que a vida se mostre, porque tenho sonhado muito todos os dias. Porque tenho crescido e me machucado. Porque aprendo mesmo quando é tarde e discorro sobre tudo o que me toca, sobre tudo o que há de mais sensível. Então, quero que alguma coisa se realize. E que essa coisa seja muito boa, que ela me dê motivos, profundos, para tanto merecimento. E que eu esteja pronta, mesmo doendo, para me abrir dentro da sua plenitude.

 
 
Priscila Rôde

quarta-feira, 2 de maio de 2012



Meu Deus, como eu era volúvel! A cada semana me apaixonava por um. Sofria feito louca, chorava, esperneava, fazia maluquices. Muitas vezes pensei que o problema fosse comigo. Eu devia ter um gosto esquisito, um dedo podre, um imã que atraía só os homens problemáticos, inseguros, comprometidos, confusos. E quer saber? O problema era comigo, sim.
Uma vez a minha mãe me disse que eu adorava inventar um problema, um motivo para chorar. Pensei que ela estava desequilibrada. Que nada, a doidona era eu. Meu primeiro “amor” foi algo impossível. Meu segundo eu nem lembro. O terceiro...esqueci o nome. Eu tinha amores semanais, mensais. E depois esquecia, arrumava outro para ocupar aquele lugar que na verdade nunca foi ocupado. Mas uma hora a gente cansa de bater na porta de quem não abre.
Sentia que merecia mais. Sentia que desperdiçava tempo e lágrimas. Mas também sentia uma carência absurda, por isso me jogava em qualquer relação. E normalmente, acredite, elas eram destrutivas e  estragadas.
Já me contentei com pouco, já recebi migalhas, já implorei por minutos de atenção, já ouvi que o cara ainda era apaixonado pela ex. E mesmo assim insisti, pois achava que eu tinha o poder de fazer o outro esquecer um grande amor. Que bobagem, a gente não tem poder nenhum.
Me dei conta, depois da vida me estapear a cara diversas vezes, que quem te quer faz o possível e o impossível para ficar contigo. É simples. Não é complicado ou complexo, não. A gente é que coloca vírgulas, exclamações e interrogações. Mas o amor de verdade é cheio de reticências, de continuidade. Porque você quer. E a outra pessoa também.
Uma relação pra dar certo tem que ter sintonia. Os dois têm que caminhar na mesma direção. Não adianta você querer puxar o outro pela mão. Tentar carregar no colo. Dar uma carona. Arrastar pelos pés. O outro tem que querer ir.
Tudo bem, eu sei que existe muita gente que faz uma coisa e diz outra. O cara diz que não te quer, mas aceita ir ao cinema. Então eu me pergunto: é isso que você quer? É esse tipo de relação que espera ter? Me desculpa, mas eu quero alguém que diga e faça.
Não sou mais aquela adolescente desesperada por atenção e algum tipo de afeto. Eu cresci e meu pensamento amadureceu. Não mereço uma pessoa que não sabe o que quer. Mereço certezas. Mereço que seja recíproco. Não quero alguém que me bajule o tempo todo. Não precisa abrir porta de carro, oferecer diamantes, pagar o jantar. Só precisa ser sincero. E real. E, principalmente, se entregar por inteiro. Porque não estou aqui para receber metade de nada.




Clarrissa Corrêa

segunda-feira, 30 de abril de 2012



Talvez eu seja um pouco de tudo que já li. Um pouco de tudo que meu olhar já aprendeu do mundo. Um pouco das belas músicas. Um pouco daqueles que me são queridos. Um pouco de múltiplos sentimentos e algumas fraquezas. Talvez eu seja um pouco do que você deixou em mim, mas em essência, o muito da minha essência, é algo delicado e misterioso…



Rubem Alves

No amor, em algum momento, você terá que ser ingênuo e acreditar. Terá que largar uma vida, refazer sua vida. Terá que abandonar a filosofia pessimista, a inteligência solteira do botequim e se declarar apaixonado. Terá que ser incoerente, contradizer fundamentos inegociáveis. Terá que rasgar a certidão negativa, a proteção bancária, os manifestos de aversão ao casamento e filhos.
Não dá para ser esperto sempre. Não dá para ser experiente sempre."




Fabrício Carpinejar

 
Sinto falta de ver gente rindo, sendo feliz pelo que faz e fazendo o que gosta. Sabe, fico lembrando o tempo que pessoas fugiam com o circo e não importava se aquele seria um lugar para ter uma boa remuneração, o encanto da vida era estar, fazer parte. Sinto falta de gente fugindo pra onde deveria estar, e não onde querem que esteja. Sinto falta de gente família. Falta de criança sendo criança. De adulto que não mata sua criança interior. Sinto falta dos tempos... Sinto falta, há muito tempo sinto falta.

 
 
Renata Alves

quarta-feira, 25 de abril de 2012



Meu bem, parece tão cruel
Você lá e eu aqui.


 Mallu Magalhães

Síndrome dos vinte e poucos anos...


A chamam de ‘Crise do Quarto de Vida’. Você começa a se dar conta de que seu círculo de amigos é menor do que há alguns anos. Se dá conta de que é cada vez mais difícil vê-los e organizar horários por diferentes questões (trabalho, estudo, namorado). As multidões já não são tão divertidas, e às vezes até lhe incomodam. E você estranha o bem-bom da escola, dos grupos, de socializar com as mesmas pessoas de forma constante. Mas começa a se dar conta de que enquanto alguns eram verdadeiros amigos, outros não eram tão especiais depois de tudo. Você começa a perceber que algumas pessoas são egoístas e que, talvez, esses amigos que você acreditava serem próximos não são exatamente as melhores pessoas que conheceu, e que o pessoal com quem perdeu contato são os amigos mais importantes para você.

Ri com mais vontade e chora com menos lágrimas (e mais dor). Partem seu coração e você se pergunta como essa pessoa que amou tanto pôde lhe fazer tanto mal. Ou talvez, à noite você se lembre e se pergunte por que não pode conhecer alguém o suficiente interessante para querer conhecê-lo melhor. Parece que todos que você conhece já estão namorando há anos, e alguns até começam a se casar. Talvez você também realmente ame alguém, mas simplesmente não tem certeza se está preparado para se comprometer pelo resto da vida. Os rolês e encontros de uma noite começam a parecer baratos e ficar bêbado e agir como um idiota começa a parecer realmente estúpido. Sair três vezes por final de semana lhe deixa esgotado e significa muito dinheiro para seu pequeno salário.

Olha para o seu trabalho e, talvez, nao esteja nem perto do que pensava que estaria fazendo. Ou talvez esteja procurando algum trabalho e pensa que tem que começar de baixo, e isso lhe dá um pouco de medo. Dia-a-dia, você trata de começar a se entender, sobre o que quer e o que não quer. Suas opiniões se tornam mais fortes. Vê o que os outros estão fazendo e se encontra julgando um pouco mais do que o normal.

Às vezes você se sente genial e invencível, outras, apenas com medo e confuso. De repente, você trata de se obstinar ao passado, mas se dá conta de que o passado se distancia mais e que não há outra opção a não ser continuar avançando. Você se preocupa com o futuro, empréstimos, dinheiro, e com construir uma vida para você. Todos nós que temos vinte e tantos gostaríamos de voltar aos 15 algumas vezes. Parece ser um lugar instável, um caminho de passagem, uma bagunça na cabeça… Mas todos dizem que é a melhor época de nossas vidas! E não temos que deixar de aproveitá-la por causa dos nossos medos. Dizem que esses tempos são o cimento do nosso futuro. Parece que foi ontem que tínhamos 16…


(Autor desconhecido)

Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.



Martha Medeiros

terça-feira, 24 de abril de 2012


Quero olhar pra ele e sentir que sou a única. E especial. Mesmo com TPM. Mesmo com mau-humor. Com minhas esquisitices amorosas. Minhas crises existenciais. Minhas filosofias de barzinho com cadeira de ferro. Meus defeitos. Meu jeito infanto-adulto. Quero que ele entenda que às vezes meu sorriso é forçado. E que às vezes dou risada pra segurar aquela lágrima idiota. Quero que ele perceba meu sorriso trêmulo. Quero que ele segure a minha mão e diga que tudo vai ficar bem.



 Clarissa Corrêa


Cansei de promessas e de ficar com a expectativa me rondando os pensamentos e apertando o estômago. Não tenho lá muita paciência para esperar o que virá. Queria ter o roteiro da vida entre os dedos, mas ao mesmo tempo penso: que graça isso teria?

Acredito em destino. Não que as cartas já estão marcadas e que toda a sua história já está escrita. Mas creio que nada é por acaso, que coincidências não existem. Acho, sim, que existe o livre arbítrio, que a gente faz escolhas e, consequentemente, arca com cada consequência. Acho que é mais ou menos um labirinto: muitas opções e dúvidas. E a gente que decide pra qual lado vai, por onde volta, como recomeça.

Acho que diariamente a gente gasta energia no que não importa tanto assim. É fácil falar, difícil é ter a maturidade e calma de dizer isso não vale a pena. Algumas coisas estão fora do nosso alcance, não adianta bater o pé. Muitas vezes a gente depende dos outros - e temos que aprender a lidar com isso. Para mim é um sacrifício enorme, já que gosto de ter o controle de tudo e resolver as coisas sozinha. Mas a gente está aqui, dentre outras coisas, para aprender. Para consertar as coisas, para conseguir ir mais além, para vencer as pequenas batalhas e medos diários.

Tento todos os dias aprender uma coisa nova, por menor que seja. Aprendi com meu pai o quanto isso é importante. E por pior que esteja meu humor, procuro ouvir pelo menos uma música por dia, dar um sorriso para um desconhecido. Pode soar bobo, mas faz uma diferença enorme quando a gente deita a cabeça no travesseiro e espera o sono chegar.
Clarissa Corrêa



quinta-feira, 19 de abril de 2012


Não importa o quanto às vezes seja difícil, o quanto às vezes eu me atrapalhe, o quanto às vezes eu seja densa nuvem que esconde meu próprio sol, quantas vezes seja preciso recomeçar: combinei comigo não desistir de mim.




Ana Jácomo